sábado, 29 de outubro de 2016

Crescemos completamente?



É tão engraçado como mesmo na condição de adultos, ainda mantemos alguma herança da infância em nossa personalidade.
Sempre me neguei à linguística. Entrei no curso de letras querendo escrever, ler literaturas, não queria conversa com gramática. Sempre dizia: gramática e matemática são as mesmas coisas, não sei de nada.
Empurrei as cadeiras de morfologia, morfossintaxe e gramática normativa para o fim do curso, não suportava a ideia de cursa-las! Ainda cheguei a matricular algumas delas, mas desisti, reprovei... Só por ter posto em minha cabeça que não entendia aquilo, que detestava aquilo.
Depois de quase seis anos na URCA, correndo risco de jubilar, eu finalmente me obriguei a passar por essas disciplinas para finalmente poder colar grau. Foi difícil. Uma delas reprovei pela segunda vez. Mas neste último semestre, ou passava ou desistiria do curso faltando apenas três cadeiras (algumas consegui passar tranquilamente graças a professores que não aplicavam aula e passavam todos os alunos. A URCA tem dessas.). Não suportaria a humilhação e nem as piadinhas nos corredores: “oxe, o que tu ainda faz aqui?”
Eis que entra a herança da infância. Gravava as aulas em áudio no celular pra escutar em casa, fazia anotações, assistia vídeo aulas na internet e de tanto a “mãe vida” me dizer que eu precisava “mastigar e engolir” aquilo porque me fazia bem, não é que tomei gosto pela coisa?
Coitada da literatura. Hoje nem penso mais nela. Quanto mais estudo, mais fico fascinada pela linguística de uma forma geral. Como quando passei a infância e parte da adolescência dizendo que detestava camarão. Eu nunca tinha comigo camarão. Hoje essa “baratinha do mar” é uma das minhas comidas favoritas! hahaha

A verdade é que hoje eu me fascino com qualquer coisa nova que aprendo.
Conhecimento é mesmo o melhor que podemos carregar dentro de nós mesmos.

Daiane Lopes

domingo, 15 de março de 2015

Mensagem

Tu se perdertes, miúdo.
És um caboclo de asas e voou pro mar
Mas foi além.
Além das tuas virturdes,
Das tuas origens
Esqueceu o pé de serra onde nasceu
Do reisado onde cresceu
E quando pergunto
Até do Mateu tu esqueceu.
Virou um sulista,
solista,
individualista.
Quem te conhece nem imagina,
o berço de cultura que te origina.
E só é triste, miúdo,
Porque é bonito,
Era pra ser infinito,
Mas tu te esqueceste.
E ainda que quisera lembrar,
Não te agradaria apreciar,
Pois só te apetece o que não te pertence.
Mas fundo entende,
em negação,
De onde vem teu coração.

Daiane Lopes

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Sobre fins



Ando meio preocupada com essa geração. Logo me vem a preocupação das posteriores gerações.
De fato eu nasci na época errada. Quanto mais os anos passam, mais vejo a história de Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo migrar para a vida real. As pessoas não querem mais família!
Vejam bem, ninguém namora mais (isso quando namoram, pois está cada vez mais comum o termo 'fixante', ou seja: "Tô contigo, tu só pode ficar comigo, mas a gente não tem nada sério,falou?") pensando num futuro juntos, em dividir os sonhos para conquistarem juntos... Enfim, cadê aquela motivação para construir uma vida digna de se contar aos seus netos?
Opa! Foi mal, esqueci-me deste outro detalhe; não se pensa nem em ter filhos, avaliem netos não é? Triste fim.
Se puderem, pesquisem sobre esse livro do Aldous Huxley, que há tanto e tanto tempo, e talvez até sem querer, já previa a transformação dessa nossa vidinha bandida. Vamos citar algumas transformações:

- Não acharás ruim tua mina pegar outros caras, assim como tu pega outras minas.
- Não casarás
- Não amarás (nem mesmo tua mãe, pois nem saberás o que é isso)
- Não terás filhos ou parentes
- Não dividirás
-  Não sofrerás
- Não, não, NÃO!!!

E o que acontecerá com quem se opor a ser basicamente... INDIVIDUALISTA?
Bem, haverá um lugar próprio para abrigar os "ignorantes", doentes, seres esquisitos que não se adequaram à sociedade.
Logo se vê a sofrência desse povo, as migalhas que os "normais" lhe ofereceram.
- Olha, pai! Um inferior! Joga um pedaço de pão pra ele!
Mais triste ainda é que esse fim já está presente.
E o que tem a ver com os fins de relacionamento? É que pela segunda vez na vida, o individualismo me impede de ter uma vidinha tradicional e passiva ao lado de um benzão. Nem sei se fez tão bem já que tanto "o olhar dele para si mesmo" o impediu de ver a felicidade na simplicidade dos meus afagos.
Como vocês não se importam de ficarem velhos sozinhos?! De não compartilhar com quem você gosta aquilo que te faz bem?
É tão de um jeito que os casais vivem hoje em competição pra mostrar um ao outro quem é o melhor.
'Cabou' o respeito, o afeto, quem dirá o feto.
Tanta pílula pra pouco organismo. Mas que se dane, seremos jovens para sempre! Daqui pra lá inventarão uma pílula antienvelhecimento também. Outra.
Chego a esse meio fim fatigada de tentar. É de fato desanimadora e contagiante essa desistência da vida tradicional e parece que assim, de fatigado em fatigado, está se formando esse admirável (pra quem mesmo?) mundo novo.
Com isso é fácil de entender a depressão como mal do século.

P.S eu ainda te amo.

P.P.S Grande coisa isso hoje, né? Melhor comprar meu carro.

Daiane Lopes

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Estoy aquí queriéndote Ahogándome
AHSIGNCOENOCJDHSKDJCHAUFNC
Que no puedo comprender.
 
Não, mentira.
Na verdade eu vim desabafar sobre o meu "lindo" dia. #soquenao 
Todo mundo já sabe sobre a macumba que jogaram em mim e coisa e
tal. Até aí tudo bem, todo mundo acostumado - mentira, eu nunca vou
me acostumar!
Só que a cena azarenta de hoje me fez auto medicar-me com um choque
de realidade. É, porque naquela situação a gente até esquece que está
doente.
Pois bem. Depois de passar a manhã agoniada com uma suspeita de
conjuntivite seguida de dores de cabeça, ouvidos e garganta; resolvi ir ao
médico ter certeza pois não queria correr o risco de passar a doença
para as minhas travestis de trabalho. - mentira, tomara que amanheçam
com os olhos grudados! Kkkk
Ligo para mamãe pra perguntar onde deveria ir - mesmo já sabendo, só
que a gente gosta daquele draminha maternal - e a mesma me diz pra ir
na UPA, pois o posto não estava funcionando. Beleza. Rodo uns vinte
minutos para achar porque a placa de indicação dela, na prática  deveria
informar: "UPA há não sei quantos mil metros depois de virar a esquerda
e direita de dez ruas"
Chegay!
A primeira vista, tudo bonitinho, aparentemente limpinho e organizado.
Após fazer meu primeiro cadastro vibrei quando fui chamada pela voz
eletrônica feminina. Mas que pena, era outro cadastro. Em seguida me
surpreendi por ser chamada novamente dez minutos depois. Mas
adivinhem, era outro cadastro! O primeiro pega nome e mede pressão,
o segundo o endereço e o terceiro identifica o nível de gravidade da sua
doença. Mas beleeeeeza, achei organizado e talz...
Depois de duas horas pensei: "que demora!"
Depois de mais duas horas esperando atendimento, pensei:
"Que cabaré!"
Uma moça chegou gritando de dor no pescoço, ninguém levou cadeira
de rodas, ela caiu pois até a chamada para a "sala de gravidade" estava
demorando a chamar. Puseram ela sentada do meu lado, uma médica
loira e bonitona num salto maior que meu antebraço apareceu mas
neeem "to you" para a moça! E o que acontece?
Eis que a moça começa a se agonizar de dor e cai por cima de mim.
Eu, muito calma, - acreditem, calma! - segurei ela e disse que ficasse
tranquila, que ia dar tudo certo; e a médica lá só observando...
Foi então que meu espírito barraqueira - que muitos já conhecem -
aflorou.
Olhei pra cara da bandida - me deixem xingar, to nervosa! - e perguntei
se ela não ia fazer nada. Pois é, não fez. Olhei para os "homens" ao redor
e aumentei minha voz: "Como é? Ela vai morrer aqui mesmo, é?"
E sóóó aí foi que trouxeram uma cadeira de rodas e a levaram para a
emergência. E ponha horas de espera para os pacientes menos graves!
Foi aí que eu entendi que na próxima vez terei que encenar uma
convulsão ou algo do tipo para poderem me atender.
Olha, eu entendo: haviam muitas pessoas, poucos médicos, - só três, se
não me engano - mas a falta de respeito é inadmissível! Sei dos vários
problemas que os trabalhadores da área enfrentam, da falta de caráter
dos políticos que não se preocupam com a população, etc e mais etc!
Mas não já está na hora disso parar? Haviam pessoas lá desde dez
horas da manhã e foram ser atendidas às seis da tarde, junto comigo!
É de se chegar com uma doença e sair com várias: stress, depressão,
alguma doença contagiosa como a minha, e por aí vai! Quando eu via
no Globo repórter ou Fantástico alguma matéria sobre a saúde pública
no Brasil me dava uma mistura de revolta e ao mesmo tempo alívio por
pensar que na minha cidade não era lá essas coisas mas não chegava
perto do que eu via na televisão. Triste engano.
Fiz questão de ficar até quando bem quisessem me atender.
Houve saída do médico para cafezinho, pipi, mimimi com a enfermeira
no corredor,
enfim: acabei sendo atendida por outra médica. Uma moça branca de
cabelos negro que reagiu muito bem às minhas reclamações no corredor,
referente à demora o atendimento.
Hoje mais do que nunca eu vi o esforço de alguns pelo bem estar dos
outros. Mas eu quero mais! Não de vocês, pois cada um sabe o chão
que pisa; mais de mim! Se antes eu já estava com uma ideia meio
silenciosa de mudar de área, agora mesmo é que estou!
Quero poder ajudar, levar segurança e esperança para estes que são tão
humilhados todos os dias nas redes públicas.
E eu garanto, finjo que compro seu voto só pra tirar e jogar seu dinheiro
e nome na lama, vagabundo!

Daiane Lopes

sábado, 25 de janeiro de 2014


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Vergonha alheia



A gente acha mesmo que já viu de tudo nessa vida, até que numa noite tão vazia,
eis que me aparece essa aberração.
Não sei quem dessas criaturas de natureza desconhecida é mais
emo/besta/otário/sem louça pra lavar.
Tudo bem, eu já tive lá minha fase abestada da vida: entupia os olhos de preto,
unha preta, cabelo preto, roupa/sapato/tênis/meia... affs!
Enfim, era uma lady forever alone in the dark.
Fiz lá meus cortes mas cobria com a pulseira pois pelo menos vergonha na cara eu tinha.
Mas não, além dessa criatura chamada Leticia, que deve ter lá seus nove meses de idade mental,
se mutilar por um tal de "Milho Wonka/sabe deus onde deixei meu senso de ridículo",
ainda posta a incrível(só que não) homenagem para o mundo.
Fico imaginando a surra que a minha mãe poderia dar nela no lugar da mãe.
A menina vai crescer, quem sabe tomar "tento", inhae??
Vai fazer uma entrevista de emprego no Mac Donald's e explicar que a marca vai tipo,
super combinar com aquela roupa super na moda/descolada/jovem/soquenao
e ainda com a atual galere do movimento: "vem pra  fase abestaiada você também!"?
...
Pausa para um suspiro.
To naquela expectativa para a próxima postagem, só que com o couro quente de verdade.
Parabéns aos pais que sabem quando se dar uma sova.



Daiane Lopes

sábado, 29 de junho de 2013



Ando mais fora de mim que de costume.
Tentei levar uma vida clichê: Trabalhar, estudar, ter um relacionamento que findasse em um casamento, até o rock eu larguei.
Mas ando saturada.
Não sei mais se quero casar, ter filhos ou mesmo continuar morando aqui.
As pessoas aqui, seus estilos de vidas, toda essa agonia de ser alguém na vida vem me impedindo de respirar serena.
Olho para os lados e não me encontro num ambiente espiritualmente saudável.
Aqui não há respeito, liberdade ou oportunidade.
Penso que um dia terminarei essas contas e sumirei no mundo.
Vou viajar, me manter um tempo onde o tempo esteja refrescante e partir assim que a vida me chamar.
Quero conhecer igrejas, templos, campos e climas. Vai ser a vez de usar a Diana a seu favor.
O meu amor vai ser a natureza, presente de deus.


Daiane Lopes

segunda-feira, 20 de maio de 2013

As pessoas vivem se escondendo.
Padres escondem seu desejo sexual embaixo da batina, políticos escondem sua ganância por trás de suas promessas e há quem se esconda até de quem realmente é.
Talvez eu não tenha nascido para isso.
Sou o que vocês vêem; eu não quero fingir outra coisa para ninguém, muito menos para quem não tem interesse em mim.
Agradar é um dos maiores desafios da vida e eu não quero vencer isso deixando quem eu sou escondida embaixo da cama.
Talvez por isso eu não dure em empregos e nem conquisto várias "amizades".
Porque para se dar bem nessa vida, você(querendo assumir isso ou não) deve se camuflar ao ambiente, não importando se isso te agrade.
Eu não sou gananciosa nem quero conquistar nada nessa vida passando por cima de ninguém, pois remorso é algo que cai bem em mim, e eu não gosto.
Simplicidade me atrai. Me lembra a minha família e onde eu já ensinei.
E não digo isso por todas as tristezas que já passei; mas por todos os momentos humildes que já experimentei.

Daiane Lopes

terça-feira, 13 de novembro de 2012



Antigamente era fácil falar de si.
A gente escrevia algo em um fotolog, pessoinhas vinham nos acalentar e aí ficava tudo bem.
Hoje é tão difícil falar de si. Dá preguiça, vergonha e raiva.
Raiva porque hoje você é maduro o suficiente para saber que quem quer que venha te dizer algo vai dizer o mesmo que todos os outros e que na verdade eles não dão a mínima para você.
O amor me destruiu, me fez envelhecer décadas e me tornou antisocial.
E mesmo triste eu fico bem neste canto de rede, ou na luta, ou no ônibus.

Saudade de quando a alegria cabia numa bacia.