É tão engraçado como mesmo na condição de adultos, ainda
mantemos alguma herança da infância em nossa personalidade.
Sempre me neguei à linguística. Entrei no curso de letras
querendo escrever, ler literaturas, não queria conversa com gramática. Sempre
dizia: gramática e matemática são as mesmas coisas, não sei de nada.
Empurrei as cadeiras de morfologia, morfossintaxe e
gramática normativa para o fim do curso, não suportava a ideia de cursa-las! Ainda
cheguei a matricular algumas delas, mas desisti, reprovei... Só por ter posto
em minha cabeça que não entendia aquilo, que detestava aquilo.
Depois de quase seis anos na URCA, correndo risco de
jubilar, eu finalmente me obriguei a passar por essas disciplinas para
finalmente poder colar grau. Foi difícil. Uma delas reprovei pela segunda vez.
Mas neste último semestre, ou passava ou desistiria do curso faltando apenas três
cadeiras (algumas consegui passar tranquilamente graças a professores que não
aplicavam aula e passavam todos os alunos. A URCA tem dessas.). Não suportaria
a humilhação e nem as piadinhas nos corredores: “oxe, o que tu ainda faz aqui?”
Eis que entra a herança da infância. Gravava as aulas em
áudio no celular pra escutar em casa, fazia anotações, assistia vídeo aulas na
internet e de tanto a “mãe vida” me dizer que eu precisava “mastigar e engolir”
aquilo porque me fazia bem, não é que tomei gosto pela coisa?
Coitada da literatura. Hoje nem penso mais nela. Quanto mais
estudo, mais fico fascinada pela linguística de uma forma geral. Como quando
passei a infância e parte da adolescência dizendo que detestava camarão. Eu
nunca tinha comigo camarão. Hoje essa “baratinha do mar” é uma das minhas
comidas favoritas! hahaha
A verdade é que hoje eu me fascino com qualquer coisa nova
que aprendo.
Conhecimento é mesmo o melhor que podemos carregar dentro de nós mesmos.
Conhecimento é mesmo o melhor que podemos carregar dentro de nós mesmos.
Daiane Lopes