terça-feira, 28 de outubro de 2014

Sobre fins



Ando meio preocupada com essa geração. Logo me vem a preocupação das posteriores gerações.
De fato eu nasci na época errada. Quanto mais os anos passam, mais vejo a história de Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo migrar para a vida real. As pessoas não querem mais família!
Vejam bem, ninguém namora mais (isso quando namoram, pois está cada vez mais comum o termo 'fixante', ou seja: "Tô contigo, tu só pode ficar comigo, mas a gente não tem nada sério,falou?") pensando num futuro juntos, em dividir os sonhos para conquistarem juntos... Enfim, cadê aquela motivação para construir uma vida digna de se contar aos seus netos?
Opa! Foi mal, esqueci-me deste outro detalhe; não se pensa nem em ter filhos, avaliem netos não é? Triste fim.
Se puderem, pesquisem sobre esse livro do Aldous Huxley, que há tanto e tanto tempo, e talvez até sem querer, já previa a transformação dessa nossa vidinha bandida. Vamos citar algumas transformações:

- Não acharás ruim tua mina pegar outros caras, assim como tu pega outras minas.
- Não casarás
- Não amarás (nem mesmo tua mãe, pois nem saberás o que é isso)
- Não terás filhos ou parentes
- Não dividirás
-  Não sofrerás
- Não, não, NÃO!!!

E o que acontecerá com quem se opor a ser basicamente... INDIVIDUALISTA?
Bem, haverá um lugar próprio para abrigar os "ignorantes", doentes, seres esquisitos que não se adequaram à sociedade.
Logo se vê a sofrência desse povo, as migalhas que os "normais" lhe ofereceram.
- Olha, pai! Um inferior! Joga um pedaço de pão pra ele!
Mais triste ainda é que esse fim já está presente.
E o que tem a ver com os fins de relacionamento? É que pela segunda vez na vida, o individualismo me impede de ter uma vidinha tradicional e passiva ao lado de um benzão. Nem sei se fez tão bem já que tanto "o olhar dele para si mesmo" o impediu de ver a felicidade na simplicidade dos meus afagos.
Como vocês não se importam de ficarem velhos sozinhos?! De não compartilhar com quem você gosta aquilo que te faz bem?
É tão de um jeito que os casais vivem hoje em competição pra mostrar um ao outro quem é o melhor.
'Cabou' o respeito, o afeto, quem dirá o feto.
Tanta pílula pra pouco organismo. Mas que se dane, seremos jovens para sempre! Daqui pra lá inventarão uma pílula antienvelhecimento também. Outra.
Chego a esse meio fim fatigada de tentar. É de fato desanimadora e contagiante essa desistência da vida tradicional e parece que assim, de fatigado em fatigado, está se formando esse admirável (pra quem mesmo?) mundo novo.
Com isso é fácil de entender a depressão como mal do século.

P.S eu ainda te amo.

P.P.S Grande coisa isso hoje, né? Melhor comprar meu carro.

Daiane Lopes

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Estoy aquí queriéndote Ahogándome
AHSIGNCOENOCJDHSKDJCHAUFNC
Que no puedo comprender.
 
Não, mentira.
Na verdade eu vim desabafar sobre o meu "lindo" dia. #soquenao 
Todo mundo já sabe sobre a macumba que jogaram em mim e coisa e
tal. Até aí tudo bem, todo mundo acostumado - mentira, eu nunca vou
me acostumar!
Só que a cena azarenta de hoje me fez auto medicar-me com um choque
de realidade. É, porque naquela situação a gente até esquece que está
doente.
Pois bem. Depois de passar a manhã agoniada com uma suspeita de
conjuntivite seguida de dores de cabeça, ouvidos e garganta; resolvi ir ao
médico ter certeza pois não queria correr o risco de passar a doença
para as minhas travestis de trabalho. - mentira, tomara que amanheçam
com os olhos grudados! Kkkk
Ligo para mamãe pra perguntar onde deveria ir - mesmo já sabendo, só
que a gente gosta daquele draminha maternal - e a mesma me diz pra ir
na UPA, pois o posto não estava funcionando. Beleza. Rodo uns vinte
minutos para achar porque a placa de indicação dela, na prática  deveria
informar: "UPA há não sei quantos mil metros depois de virar a esquerda
e direita de dez ruas"
Chegay!
A primeira vista, tudo bonitinho, aparentemente limpinho e organizado.
Após fazer meu primeiro cadastro vibrei quando fui chamada pela voz
eletrônica feminina. Mas que pena, era outro cadastro. Em seguida me
surpreendi por ser chamada novamente dez minutos depois. Mas
adivinhem, era outro cadastro! O primeiro pega nome e mede pressão,
o segundo o endereço e o terceiro identifica o nível de gravidade da sua
doença. Mas beleeeeeza, achei organizado e talz...
Depois de duas horas pensei: "que demora!"
Depois de mais duas horas esperando atendimento, pensei:
"Que cabaré!"
Uma moça chegou gritando de dor no pescoço, ninguém levou cadeira
de rodas, ela caiu pois até a chamada para a "sala de gravidade" estava
demorando a chamar. Puseram ela sentada do meu lado, uma médica
loira e bonitona num salto maior que meu antebraço apareceu mas
neeem "to you" para a moça! E o que acontece?
Eis que a moça começa a se agonizar de dor e cai por cima de mim.
Eu, muito calma, - acreditem, calma! - segurei ela e disse que ficasse
tranquila, que ia dar tudo certo; e a médica lá só observando...
Foi então que meu espírito barraqueira - que muitos já conhecem -
aflorou.
Olhei pra cara da bandida - me deixem xingar, to nervosa! - e perguntei
se ela não ia fazer nada. Pois é, não fez. Olhei para os "homens" ao redor
e aumentei minha voz: "Como é? Ela vai morrer aqui mesmo, é?"
E sóóó aí foi que trouxeram uma cadeira de rodas e a levaram para a
emergência. E ponha horas de espera para os pacientes menos graves!
Foi aí que eu entendi que na próxima vez terei que encenar uma
convulsão ou algo do tipo para poderem me atender.
Olha, eu entendo: haviam muitas pessoas, poucos médicos, - só três, se
não me engano - mas a falta de respeito é inadmissível! Sei dos vários
problemas que os trabalhadores da área enfrentam, da falta de caráter
dos políticos que não se preocupam com a população, etc e mais etc!
Mas não já está na hora disso parar? Haviam pessoas lá desde dez
horas da manhã e foram ser atendidas às seis da tarde, junto comigo!
É de se chegar com uma doença e sair com várias: stress, depressão,
alguma doença contagiosa como a minha, e por aí vai! Quando eu via
no Globo repórter ou Fantástico alguma matéria sobre a saúde pública
no Brasil me dava uma mistura de revolta e ao mesmo tempo alívio por
pensar que na minha cidade não era lá essas coisas mas não chegava
perto do que eu via na televisão. Triste engano.
Fiz questão de ficar até quando bem quisessem me atender.
Houve saída do médico para cafezinho, pipi, mimimi com a enfermeira
no corredor,
enfim: acabei sendo atendida por outra médica. Uma moça branca de
cabelos negro que reagiu muito bem às minhas reclamações no corredor,
referente à demora o atendimento.
Hoje mais do que nunca eu vi o esforço de alguns pelo bem estar dos
outros. Mas eu quero mais! Não de vocês, pois cada um sabe o chão
que pisa; mais de mim! Se antes eu já estava com uma ideia meio
silenciosa de mudar de área, agora mesmo é que estou!
Quero poder ajudar, levar segurança e esperança para estes que são tão
humilhados todos os dias nas redes públicas.
E eu garanto, finjo que compro seu voto só pra tirar e jogar seu dinheiro
e nome na lama, vagabundo!

Daiane Lopes

sábado, 25 de janeiro de 2014